Para o Dia da Poesia 14 de março . YL
E você não me deixa livre, embora
seu princípio seja a liberdade. As palavras, as próprias que me manda gritar,
podem ferir e as que falam de amor podem assustar. E eu amasso e macero minhas
dores e alegrias como se pisa na uva, a mesma do vinho, que saúda e traz saudade,
que despe o corpo, acalenta o espírito e filtra meus sonhos, e meu riso solto é
preso na dança da brincadeira de acreditar por querer ser feliz.
E você não me
deixa, sou serva que sinto logo sua presença, você poesia, que queima a
garganta quando necessito explodir e da minha boca nada sai, só escrevendo
consigo voar, e assim me quebro e lhe remonto, pois somos um, e das lágrimas também
sou pranto de alegria.
E vem você me desafiar com a
mesma força, porque todos os dias são seus, poesia. Talvez por me despir a alma,
ouvir meus choros, sorrisos, gargalhadas soltas.
Guarda meus segredos mais
secretos e joga no papel e me expõe. Sua cumplicidade tão necessária e fajuta, preciso
que você não fuja de mim.
Você é poesia, é papel , é pena que desliza pelo meu
corpo,entre os dedos como corrente de energia que exorciza meus maus, que me
traz todos os bens .
Se sou forte você se enfraquece, se sou frágil você se
agiganta e me faz rasgar a máscara, a roupa ,a capa porque a poesia me quer e
nela tudo de mim. YL
(Calmaria)
Ivan Lins
Tens no meu sorriso
tua agonia
Tens a festa, tens
a dança, tens a cantoria
Tens no meu amor
tua teimosia
Tens no meu
silêncio tua garantia
Tens na rua a graça
e o beijo, tens a fantasia
Tens na mão a faca
e o queijo, tens a noite e o dia
Tens na minha
ausência tua companhia
Tens a fama, tens a
lama, tens a ironia
Tens na minha dor
tua melodia
Tens na minha sombra tua moradia
Tens no quarto um
cão vigia, tens a valentia
Mas só na minha
morte então terás tua calmaria
Tens no quarto um
cão vigia, tens a valentia
Mas só na minha morte então terás tua calmaria