Continuava ela a olhar o tempo no seu fingimento de não passar. Ele passa sorrindo, ri da angústia da moça, nem ele volta os relógios, lembrava. Ela não fazia barulho algum, mas por dentro os terremotos de agonias desmontavam seu sorriso de fotografia . Iria ser normal sim, mergulharia seu vazio no vinho, não notaria o rímel borrado nem o batom se desfazendo sem beijo, falaria bobagens, e reclamaria de conversas piores do que as dela, entre vozes e vultos brilhosos artificiais, a viagem invisível: saudade! Grita o peito. Em casa, corpo dormente, não se esqueceu do senhor tempo que amanhã mostraria os mesmos barulhos de sempre.
Yasmine Lemos
