Há algum tempo jurei e você não escutou. Gritei como uma andorinha que só os galhos soltos a escutava. Fui encolher minhas asas e fazer ninho não era mais morada.
A multidão aguardava-me sedenta, se eu sorria ou se chorava. Cansada, contava as horas de poder crescer sem pensamentos estranhos ou difíceis de entender, a simplicidade havia me deixado sem a maioria dos sonhos, eu os espantara. Levantei-me.
Chorei o que devia e calei o que sangrava.
Não era, mas pássaro, e sim, vontade satisfeita. Sou um refúgio do seu lençol, sua música repetida centena de vezes, mais que isso. Acendo o fogo, sem queimar a sua alma. Mas faço barulhos sem querer. O cheiro do tempero voa longe, vira andorinha feliz que esquece a existência dos gatos que não aceitam que apenas na noite enxergam melhor. Gatos e pássaros não se dão bem. Como o dinheiro e a humildade, a frieza e a saudade. Mas os amores se dão bem. Tela e tinta. Vinho e sabor. Música e arrepio. Jardim e flor.
Não tenho telas protetoras, tenho coração limpo, alma protegida pelo amor que sinto. Eu jurei um dia e hoje você acreditou. Nada de extraordinário nas promessas cumpridas. Hora de aceitar o simples, de sentar e perceber que as notícias nos jornais continuam as mesmas e mesmo assim nossas angústias se aquietam de maneira certa.
No meu corpo tenho força, entrego a você minha verdade, tenho paz.
Não tenho ninho, nem um mundo, tenho um reino e nele consigo arrancar as presas dos algozes de pássaros. Mãos molhadas, água jorrando e a alma lavada.
Yasmine Lemos
2008
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Amor e Paz