quinta-feira, 15 de julho de 2010

QUAL SERIA A RESPOSTA DE ISSAC?


Fechei o portão da varanda.

Hora de deixar meu filho na escola. Ao passar pelo jardim, me deparo com uma gata totalmente arrepiada, mostrando os dentes e querendo avançar. Ao seu redor filhotes mamando. Criou-se um impasse. Eu querendo passar e logo coloquei meu filho nos braços. Ela não sei se posso dizer com “raiva”, mas seu instinto materno temia alguma ameaça para seus filhotes, eu também para a minha cria. Olho no olho, comecei a reclamar com medo mesmo, que tinha que passar. Cheguei a jogar uma romã do jardim na tentativa de criar uma passagem. Não sei a linguagem dos bichos, uma pena, pois são bem menos estranhos que nós humanos.

Ela cedeu mostrando-me os dentes, mas carregou com ela os três gatinhos. Entendi: Ela era mãe também.

Sem repetições de assuntos, não existe explicação para a maldade contra uma criança. Até os animais defendem os seus. A mãe é por natureza fiel ao seu corpo na hora e momento da gestação. Existe a cumplicidade das reações corporais e emocionais. Nascido o filho, o cordão se quebra e a opção não é da criança seguir sozinho, o momento é da mãe, sem fazer julgamentos, generalizo de maneira comum ao mundo. Acredito que uma criança de até dez,onze,doze não sei ,não tem como escolher sua forma de ser amado. A mãe é responsável sim pela identidade afetiva que os olhos do pequeno terá diante do mundo. Se por outros motivos, fortes ou fracos não poder criar, dê espaço para quem pode doar amor, afeto. Os pais sempre serão reflexos.

Vou buscar explicações em livros, nos amigos, nas opiniões cientificas e nada me consola, me acalma diante de tanto horror que vimos no último mês. Mas voltando a mente bem para trás, podemos encontrar registros de crimes contra crianças no império romano, onde tribos de bárbaros praticavam o infanticídio, e hoje se ligarmos a internet podemos assistir corpos de meninas nas ruas da China, por causa do controle de natalidade e a preferência para o sexo masculino, mas o que temos com isso? Questão cultural ou controle de natalidade.

E o mundo continua girando e as nossas cabeças também. Não acredito em loucura para o mal. Acredito que o mal existe e se mostra se houver espaço físico e mental para desenvolver-se. Fui criada com base cristã e tenho minhas conversas com meu Deus, com meus santos, da minha maneira, do meu jeito. Talvez uma fuga para não obter nenhuma resposta ou me enganar achando que não mereço saber a verdade. Sempre que lia a história da criação do mundo segundo a bíblia em Genesis (1), me intrigava o momento em que Abraão decidira sacrificar seu filho Isaac a pedido de uma prova divina. Sim, Deus não permitiu, pois na história está escrito que a coragem em decidir matar o filho foi suficiente e Deus livrou Isaac.

Hoje se eu pudesse encontrar com Isaac perguntaria se ele queria ser filho de Abraão ou da gata do meu jardim.

Acho que coisas da cabeça de uma mãe fora de moda.

Yasmine Lemos

E.T: Ontem foi encaminhado ao  congresso um projeto de lei que protege as crianças contra abuso dos pais com palmadas e agressões fisicas ou morais.



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