Os homens gritam enquanto
trabalham pesado na construção. Estou rodeada de prédios crescendo, não gosto
de prédios. Gosto de casas. De jardins, de vizinhos, de quintal, das dunas
verdes. Da minha janela as folhas me dizem que o vento quer brincar por
segundos e os homens continuam falando alto, e os loucos cantam, tem alguns que
moram por aqui. Tenho medo do olhar deles, depois passa, fico com pena. Não sei
se eles também têm medo de mim. Observar é um exercício que pratico com
serenidade, meu mundo para ,meu coração acelera e acalma,vejo o movimento e escuto
o silêncio. Interessante que no post anterior escrevo sobre a realidade crua e
do egoísmo dos homens e agora estou aqui, me encantando com o vento, com o
silêncio ou com a música. Um vez li que “... se és demolidor de coisas ternas,
como pode viver entre violetas, à luz da lua..? (Neruda) Imaginei que por vezes
sou demolidora emocional das coisas que são demolidoras reais ,mas na minha imaginação, meu
corpo estático e minha voz sozinha não mudará as pessoas e situações ruins .
Hoje resolvi olhar as coisas ternas, até ouvir os gritos dos trabalhadores que
brincam no meio do caos. Todo mundo tem seu “caos” e se reconstrói todos os
dias. Só os prédios é que se fincam e me tiram a visão das dunas,eles não se
reconstroem como muitas pessoas,são depósitos de outras vidas que entram e
saem. Aqui em Natal hoje muitas pessoas foram protestar nas ruas contra a copa,
contra tudo de ruim que a política está fazendo e eu não sei se estão certos em
reclamar para os que não querem ouvir.Talvez eles sejam demolidores melhores do
que eu que fico aqui a ouvir as folhas, e o vento nesse final de tarde que aos
meus olhos está lindo, mas meus pés continuam no chão.
YL
O ser humano grita por mudanças...
ResponderExcluirBeijo lisette.
Gostei de a ler.
ResponderExcluirabraço
cvb
Seu texto está lindo.
ResponderExcluirInfelizmente, o progresso nos retira o que de precioso ainda possuímos em termos de um vista que encanta nosso olhar. Está acontecendo isto em minha janela. Quando comprei meu apartamento, a visão era maravilhosa. Podia observar toda Belo Horizonte com suas belas montanhas e divinos céus. Parece que ainda ouço o corretor me dizer que aqui eu teria uma vista definitiva. Quase não acreditei quando derrubaram duas casas num quarteirão à frente e lá começou a construção de um prédio. Todo dia eu chegava à janela que dava para a construção e pensava esperançosamente que seria um prédio baixo, pois se trata de um bairro com maior número de casas. Para o meu espanto, o prédio não parava de subir. Ainda não terminou, mas já eliminou minha linda vista. Fazer o quê, né? Ainda restam as outras janelas e torcer para que as outras paisagens também não me sejam roubadas.
Beijão.
O progresso não progride em determinadas situações. Perdemos espaço!
ResponderExcluirAdorei seu texto.
Nossa, Yasmine, aqui, atrás de meu prédio, tem uma mega obra, centenas de homens trabalhando todos os dias debaixo de um sol inclemente do verão tórrido do Rio de Janeiro! Fico com pena dos mesmos, deve ser horrivel ficar com aquele macacão quente e um capacete vermelho na cabeça, erguendo as fundações de metal. Este progresso vertical me irrita também, gosto de ver pátios, praças, verdes, mas infelizmente isto é geral no país ultimamente.
ResponderExcluirtenha um ótimo domingo e muitos beijinhos cariocas