segunda-feira, 17 de maio de 2010

QUANDO A IMAGINAÇÃO É VERDADE


A imaginação é a mais pura verdade. Assim descrevo o movimento dos espirais. Coloridos e inquietos. Redemoinhos, cataventos, rolos de sonhos imperfeitos e que não são mentiras, só um espaço imenso, uma estrada longa entre olhos e pensamento.

Imaginar que estou correndo ou voando não faz de mim uma mentirosa, de fato ultrapasso o limite. Não converso com flores, mas sinto o cheiro do perfume. Não conheço pedras que me machucam, sinto dores se piso no lugar errado. Não sei se a flor sente dor ao ser sugada, mas sinto pena da breve beleza que ela carrega, conto os dias em que as olho e as cores fugiram com seu doce. E guardo na imaginação o retrato da sua juventude inocente, sem conhecer que a natureza não perdoa nem a delicadeza. Uma verdade dentro da mentira que imagino pensar a rosa, sabendo que no jardim existe somente a espera do tempo.

Agora ouço barulhos de algo forte que bate na parede, e assim imagino o homem, com seus braços para cima segurando ferramentas pesadas, e os músculos exaustos de cansaço simples e mediano, mas não imagino só esforço, imagino o descanso, quando aquele corpo deita-se no seu digno lugar do sono real e tranquilo, como sua consciência leve depois de um trabalho pesado.

Não sou mais feliz que ele, a minha imaginação as vezes é que é a verdade alheia, e isso me torna menos avessa à realidade grosseira. Abrir os olhos antes do sol me causa uma estranha sensação de chegada primeira no dia que ainda espera a maioria, imaginação e consolo, para quem não sabe no sono, descansar o que passou. Vencedora da calada da noite, que nada tem a oferecer, se não abrir gavetas do peito e remontar meus espaços aquecidos pela vontade na felicidade.

A verdade da imaginação está nas rodas mais ou menos fechadas de conversas pesadas e sorrisos tristes, enquanto observo que muito mais do que real, é a mentira nos lábios de quem não aguenta a solidão e fere quem está ao lado. Uma fisgada na pele de outro que não tinha a intenção de chorar. Imaginação da minha mente, baseada na verdade de quem sente a dor e de quem fere sem sentir, como a abelha e a flor. Uma no seu sentido visível e a outra no imaginário de quem toma para si o sofrimento alheio.

Como quem diz: -eu sei o que está sentindo... mas não sei explicar.

Desenhar o quadro do problema na mente e não saber que as zonas de circunferências são mais necessárias do que o ângulo central. Todos assistem a cena, mas ninguém enxerga o real.

Busco um pouco da rapidez do menino que vai descendo a rua, da alegria do trabalhador, do instinto de bondade na luta para que tudo vire uma verdade absoluta. Alugo um pouco de mim, e ouço os gemidos e sorrisos, sentindo nos corpos cansados ou alegres as mentiras que não existem no seu formato físico, mas na viagem de cada mente que só pensa o que é verdade, esquecendo da mentira luminosa que cega o critério do mundo dos sensíveis. Sonhe, mas não esqueça que a verdade não passa de uma imaginação inconstante, nem que seja na ilusão da gente.



Yasmine Lemos



Um comentário:

  1. Usar a imaginação e ser feliz. Não precisa dizer a ninguém, apenas imaginar .


    Xeros

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Amor e Paz

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